por Tody Macedo

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Sabe quando chega aquele dia que você está tão cansado que a única vontade que tem é de tomar aquele banho, comer algo, assistir um bom filme e depois ir dormir…??? Pois é, acho que eu estou neste dia. Não que o meu corpo esteja doendo com a labuta, nem que a conduta esteja me jogando contra a exaustão. É só um momento de exatidão naquilo que jogo pra fora nesta hora incerta de combustão insana.

Faz dias que eu não vejo o azar, nem dá para pensar como é essa onda das coisas acontecerem errado. Os dias não me deixam parado, o universo agora deixa tudo conspirado, nas linhas tortas abrindo as portas de uma lucidez que outrora se fazia distante. A ducha que quero é no mar insensato, calado, num murmúrio intacto, que soa bem perto do meu coração. É um banho de chuva com sal grosso e arruda para deixar bem longe palavras fracas, vozes mudas, deixar longe os passos que não movem trilhas e caminhos absurdos, escuros, onde ninguém está seguro neste andar imaturo por isso eu juro que desses feitos eu esconjuro.

Faltou-me o tempo de plantar no negro da noite, de acalmar o peito, respirar feito quem não tem nada pra fazer. Faltou-me alimentar da brisa que almejava os meus ouvidos e que fraquejava minha pele. Ainda tenho o vento… minha força… Alimento minha intuição e sentimentos com ar longe de ser atroz, e se existe um algoz não corro nem fujo, mas me faço presente movendo por mim na minha teia, tentando correr contra o tempo antes que esfrie a minha ceia.

E ver-te assim mórbida, estática, numa película de 120mm? Parece mais a fome ao devorar a própria luz… vida inerte, ganha das sombras um flerte acompanhada de cantares que parecem de morte. Não, nada consta neste relato tosco. Parece um sono eterno, que envolve como o frio de inverno sem alcançar a metade da trilha dançada.

Mas é hora de dar um basta, de dormir e dançar nos braços do sonhos… ainda é vasta  a floresta urbana a explorar… ainda me faltam sorrisos, lágrimas e um pouco de insanidade pois crítica é a vivacidade que querem me arrancar. É o fim de uma história, que fique na memória o empurrão que me jogou rio abaixo… Sempre achei a palavra ‘acabou’ bem tola. Meus passos ainda estão firmes, meus pés não estão calejados, mas eles acabam de moverem-se em direção da verdade. Por isso pergunto: “De que vale o eterno criar se a criação em nada acabar?” Obrigado: acabei de criar a minha condição de estar longe do azar que você me traz!